quinta-feira, 30 de junho de 2011

Primeira Fase do Construtivismo no Brasil (1985-1990)


A Aceitação da Proposta Construtivista (1985-1990)
Frank Viana Carvalho
Durante os primeiros anos do construtivismo no Brasil (1985-1990), o desencontro entre a teoria e a prática evidenciou-se de várias maneiras, sendo o principal, a posição espontaneísta em relação ao ensino das crianças. De uma forma geral pôde-se ver: a ausência de intervenções pedagógicas para não ‘atrapalhar’ o processo de aprendizagem; a ‘não preocupação’ de propor experiências favoráveis à construção do conhecimento; a desconsideração do planejamento (para evitar as ‘rotinas pedagógicas’); a aceitação de qualquer tipo de ‘erro’ sem esforço interpretativo para entender a sua lógica ou para transformá-lo em recurso para a superação das dificuldades; a pretensão de hierarquizar a aprendizagem em etapas induzindo a progressão do conhecimento a partir de sucessões dos níveis descritos (fases descritas por Emília); deixar a criança escrever livremente[1], sem interferências e sem propósitos; trabalhar só com textos em detrimento de uma reflexão mais sistemática sobre o funcionamento do sistema; evitar a correção ou qualquer forma de revisão textual; composição de livros didáticos que, pretendendo substituir as cartilhas, agrupavam diferentes tipos textuais, mas não asseguram as especificidades do portador nem as reais situações de uso.

Como era ainda uma fase inicial, os insucessos foram atribuídos às dificuldades dos docentes em transpor a teoria para as práticas da sala de aula. Além disso, começavam a se multiplicar os cursos de capacitação de professores para uma atuação de fato construtivista.

No entanto prevalecia a opinião generalizada de que o aluno formado pelo construtivismo ficava bom em raciocínio, com maior senso crítico, porém fraco em conhecimentos específicos da língua. Eram os reflexos da prática espontaneísta. Porém, essa fase foi aos poucos superada, pois, para que se alcançasse sucesso, era esperado do professor uma atuação firme e planejada (prática intervencionista).

A partir daí o construtivismo ganhou força e, à medida que estudiosos de todo o país apoiavam a proposta de Emília Ferreiro, o modelo construtivista tornou-se cada vez mais a “onda modernizadora” na alfabetização e na educação. Professores que procuravam alfabetizar fora deste “modelo”, ainda que pudessem obter sucesso em seu trabalho, eram considerados como tradicionais e ultrapassados. Foram os tempos do embate “construtivismo versus escola tradicional”.

[1] Emília Ferreiro e o saber da criança. Por Glennda Paiva.  

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