domingo, 30 de setembro de 2012

Primeira Escalada das Agulhas Negras


Foi minha primeira escalada no Parque Nacional de Itatiaia. Eu estava junto com dois amigos, o campeão brasileiro de mountain bike, Levi Nogueira, e o analista judiciário, Elias Rolemberg. Eu havia lido o livro do Sérgio Beck com orientações precisas de como chegar ao topo das Agulhas Negras e em janeiro de 1993 partimos para uma aventura estranha aos trilheiros: escalar um maciço rochoso. A época ideal de escaladas no PNI vai de abril a setembro. Nos outros meses é necessário se assegurar de antemão que vai ter tempo bom. 
Elias (de vermelho) e eu (de azul) no caminho de acesso ao PNI.

Ansiosos pela aventura, percebemos que o nosso plano estava fadado ao fracasso: o tempo fechou quando chegamos ao Abrigo Alsene, já no platô das Agulhas. Bem, para chegar ao Alsene, nós, marinheiros de primeira viagem, vivemos uma epopeia. No livro do Beck, ele apenas dizia que o Parque Nacional fica na cidade de Itatiaia. 

É verdade, mas isso quando se refere à parte baixa do PNI. Para chegar a parte alta, é necessário pegar a Rodovia Dutra até a cidade de Engenheiro Passos. Como não sabíamos, tivemos que pedalar os quinze quilômetros que separam as duas cidades (é, fomos de bike). Mas a dureza estava apenas no começo. 
O Elias segurou um exemplar do 'flamenguinho'.

De Engenheiro Passos até a entrada do Parque Nacional de Itatiaia na parte alta, são quase trinta quilômetros de estrada num aclive medonho. No caminho, já perto do parque nos deparamos com vários sapinhos (ou rãs), vermelhinhos, com listras negras no corpo. Hoje, o sapinho ‘flamenguinho’ é o símbolo do Parque. Depois de muitas horas de subida chegamos ao abrigo, ou seja, no acampamento base, no final do dia.


Bem, descansamos naquela noite e ao amanhecer, nos dirigimos ao Parque. Na portaria falamos de nossa intenção de escalar as Agulhas Negras. Fomos avisados dos perigos da escalada com o tempo instável. Seguimos. 

Levi Nogueira (à direita) e eu (à esquerda).

Vista das Agulhas desde a trilha: o tempo fechou.

Início da subida: pisando nas ranhuras para manter o equilíbrio.

Tive que me segurar com firmeza na subida, pois a rocha estava molhada.

O Elias se posiciona para subir com corda um dos acessos à fenda do estudante.

O Elias segura-se à corda e segue logo após a fenda do estudante.

Elias (agasalho escuro) e eu (agasalho azul e branco) no topo em meio a Neblina.

A placa indicando a conquista do Exército colocada na década de 1960.

O Levi Nogueira no topo, junto à cruz.

A subida foi lenta e difícil. A indicação do Beck não levava ao caminho mais fácil – na verdade, um dos caminhos mais difíceis – a fenda do estudante, que dá acesso a rochas que beiram precipícios, no caminho rumo ao topo. Mas nossa perseverança foi premiada: chegamos ao topo. Na época ainda havia uma placa do exército fixada numa rocha e uma cruz de ferro no topo, castigada por vários raios que a atingiram. Hoje, apenas o parafusos que fixavam a cruz se encontram no local.
Foi uma grande aventura que me motivou a várias outras. Acabei gostando muito do Parque e retornei ao Agulhas seis vezes. Amo esta montanha.

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